sexta-feira, 26 de julho de 2013

Instantes

A nossa vida em termos de duração é tão curta quanto um instante, comparando à imensidão que é a eternidade. E desse pequeno instante os momentos de lucidez são escassos. Quantas vezes podemos dizer que estávamos lúcidos na tomada de uma decisão? Quase que arriscava dizer nenhuma. Tomamos cerca de 200 decisões por dia, as decisões do quotidiano. O que comer, quanto comer, quando comer; São algumas das muitas decisões que tomamos diariamente, e a maior parte são de forma instantânea. Mas existem outras decisões que levam mais tempo para se pensar e reflectir, mas nem mesmo essas são em momentos de lucidez... Por exemplo, a decisão de começar uma relação amorosa com alguém, o ir viver com esse alguém e/ou o ter um filho com esse alguém pode dizer-se que, normalmente, são decisões pensadas e reflectidas mas não em perfeito estado de lucidez. Não seria racional chamar lúcido a alguém que está apaixonado. Até mesmo nas decisões de investimento monetário, na compra de bens transaccionais como as acções empresárias, apesar de estudadas, as motivações são o dinheiro e o poder. Seria racional chamar de lúcido a alguém que espuma ganancia pela boca? Por isso resta-nos aproveitar os pequenos micro-instantes de lucidez que temos, para alcançar grandes feitos. Revolucionar o humor em portugal como Raúl Solnado fez. Escrever a teoria da relatividade como Einstein fez. Acabar com a escravatura como Lincoln fez. Estudar o movimento dos corpos através de calculo diferencial como Isaac Newton fez. Pintar a Mona Lisa como Da Vinci fez. Eternizar os feitos grandes feitos lusitanos como Luís Vaz Camões fez. Descobrir teoremas como Pitágoras fez. Transmitir conhecimentos como Sócrates fez.
Tenho a certeza que todos eles estavam lúcidos mas um pouco possuídos pela insanidade. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Concepção

O mundo é um autentico caos organizado. A nossa existência deriva de uma teia de acontecimentos. Todos os detalhes e pormenores fizeram com que tivesse sido assim, da maneira que conhecemos. Qualquer detalhe que tivesse acontecido de outra maneira teria mudado tudo. Há detalhes em que se percebe óbvio a diferença. Se tivesse sido trocado de cama no quarto de hospital, eu teria o mesmo código genético mas o meu crescimento teria sido diferente, teria tido outra educação, dada por outros pais; tinha passado férias noutros locais; teria conhecido outras pessoas e andado em escolas diferentes; o meu pensamento seria diferente. Ou seja, se isso tivesse acontecido, eu nem poderia dizer que era eu porque esse "eu" seria uma pessoa completamente diferente. Aquele não seria eu, mas eu seria aquele. Isso é obscuramente óbvio. Mas outros detalhes são menos óbvios, tão menos óbvios que nem reparamos. Um episódio da nossa vida podia não ter acontecido se algo tivesse sido diferente. Supondo que eu tenho um trauma com carros, porque tive uma acidente, eu poderia nem ter esse trauma. Acordei de manhã, como habitualmente,e a minha mãe vai levar-me a escola. Quando fui tomar o pequeno almoço não havia cereais. Então chamei a minha mãe e ela disse para comer pão com geleia. Assim foi. Depois atrasei-me a vestir porque não encontrava uns calções que a minha mãe não pôs na gaveta do costume. Ao entrar no carro a minha mãe reparou que se tinha esquecido de um papel importante do banco, então eu tive de voltar para trás para ir buscar o tal papel. Durante a viagem, numa curva apertada, apareceu um Renault, conduzido por um homem de cabelo grisalho, que embateu em nós. Desde esse acidente tenho um trauma. Mas se no dia anterior a minha mãe tivesse comprado cereais; se a minha mãe não tivesse mudado os meus calções de sitio; se a minha mãe não se tivesse esquecido do papel do banco; Não passaríamos ao mesmo tempo que o Renault naquela curva e o acidente não tinha acontecido. Com isto não estou a dizer que a culpa do acidente foi da minha mãe. Se o senhor do cabelo grisalho dono do Renault tivesse mudado algo na sua vida, ele também não passaria naquela curva, àquela hora. Qualquer pormenor, por mais insignificante que seja, pode fazer a diferença. 
Mas tudo o que acontece, a nós e aos outros, são fenómenos que ninguém pode controlar, apenas pode influenciar. E são todos os detalhes que fazem com que a nossa vida tenha sido assim e não de outra maneira.





PS: O episódio é fruto da minha imaginação.      

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Eu e os Maias.

"Se corrermos ainda o apanhamos!" - Posso começar por aqui, ou então não. É, eu apenas queria realçar essa frase de alguma maneira e a única forma que arranjei foi começar por ela. Mas isso não implica que tenha algo a dizer sobre ela, acho eu. Mudando de rumo, considero de forma curiosa que Afonso da Maia se identifica muito comigo, não fisicamente mas sim psicologicamente. Muitos dos seu pensamentos são comuns aos meus. A sua total não crença é-me comum. E partir daqui surgem todas as semelhanças. Apesar de tanto eu como essa personagem não termos crença alguma em algum ser superior, de não acreditarmos na vida depois da morte, não somos selvagens. Temos princípios, temos moral e ética. Apesar de esses princípios não estarem escritos em lugar algum, não está escrito na bíblia como os mandamentos de Deus. Eu faço o que é correto no meu ponto de vista, tenho consciência do que é bom e o que é mau por pura moral e ética. Não sou correto por temer a Deus. Não acho que se for bom em vida vou ser recompensado depois. Para mim a única recompensa é o sentimento de justiça e felicidade do próximo. Como diria Afonso da Maia: "Senhor abade, a nossa diferença é essa. O menino não praticará o mal porque sabe que não é digno de um cavalheiro. Ele será um homem honrando por amor à honra e não por medo de ir parar ao inferno nem por engodo de ir para o reino dos céus." - Para mim essa última frase é brilhante e diz tudo aquilo em que eu acredito.
Outros aspectos que tenho em comum é o facto de acreditar que somos fruto da nossa educação. Na minha opinião, nada nem ninguém está destinado a seja o que for. Tudo resulta das nossas decisões ou dos que nos rodeiam. Claro que estamos condicionados desde o inicio. Eu tenho sérias duvidas se seria ateu noutro qualquer país. Eu sou ateu porque a minha sociedade também mo permite, mesmo sendo julgado em alguns casos, tenho formação que me leva a poder pensar por mim próprio. E assim também é o pensamento de Afonso da Maia. Também ele acha que se formos bem formados podemos lutar contra o "destino". Aquilo que eu temo é estar errado. Mas quem não teme?! Afonso da Maia acaba morrendo achando que existe uma força superior que, por muito que nos forcemos, controla tudo. E aí param as nossas semelhanças. Por isso é que eu existo, e ele é apenas uma personagem de uma grande obra - Os Maias.

sábado, 16 de março de 2013

"Memórias de um Átomo"

    Não posso dizer que tenho saudades. Afinal, eu não era nada nessa altura. Eu fazia parte dos restos da grande explosão que divagavam para longe... Para o nada. Sim, era isso, os restos quentes ocupavam o que outrora não existia. Como posso sentir falta daquilo que não conheci? Seria imprudente, confesso. Tornei-me nisto e não me lembro do percurso que fiz até aqui...
    A partir de agora, posso tentar descobrir de onde vim para concluir para onde vou ou simplesmente supor que comecei aqui. De qualquer forma, tomarei a liberdade decidir para onde vou. São as memórias dos tempos que não vivi.